sexta-feira, 24 de junho de 2011

Perdas

Hoje vou reproduzir aqui um texto que escrevi a pedido de uma querida amiga.
O convite foi feito pela Tuka, do Ktralhas.
O post foi publicado ontem lá.
Mas como era um assunto que queria abordar há algum tempo, resolvi publicar aqui também...
Para quem ainda não o leu... ei-lo !

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Perdas
   
Há algumas semanas, um medo e uma ansiedade tomaram conta de mim… “Será que estava a caminho um irmãozinho ou irmãzinha para o Di ?” Eu e meu marido até chegamos a ficar felizes com a possibilidade; não que estivéssemos na lista de “tentantes” oficiais. Um segundo filho, naquela altura, seria mera obra de Deus, do destino… Fizemos um teste, daqueles comprados na farmácia. Resultado: Negativo ! Mas a nossa expectativa era tanta que resolvemos fazer o exame de sangue para confirmar mesmo. Novo Negativo. Quando abri o envelope e vi que o Di continuaria filho único uma tristeza invadiu meu coração. E olha que eu nem estava esperando ficar grávida ! Mas o sentimento era de perda, mesmo que não houvesse perda nenhuma.


Naquele momento, lembrei de muitas outras mulheres que tanto desejam engravidar e não são abençoadas com esse presente de Deus. Se eu fiquei frustrada com o meu resultado, imagina a dor que é ver um “negativo” todos os meses, quando se busca e se tenta justamente o contrário. E o que dizer das mulheres que ficam grávidas e logo em seguida sofrem um aborto espontâneo ? E as que perdem seus bebês já com a gravidez bem adiantada ? E aquelas que perdem seus filhos pouco depois de nascerem ?

Só depois que me tornei mãe, soube realmente o que isso significa... Lembro bem do Caso Isabela; a menina atirada da janela de um apartamento pelo pai e a madrasta, em São Paulo. Quando o crime aconteceu, eu trabalhava em TV. Acompanhamos o caso, achei horrendo e ponto ! Quando os suspeitos foram julgados, eu já era mãe e foi incrível como vi tudo de uma maneira bem diferente. Meu sentimento era outro. Sofri como não tinha sofrido antes.

Só depois que me tornei mãe, entendi melhor a minha própria mãe que também teve a infelicidade de perder um filho. Minha irmã mais nova morreu quando tinha nove anos de idade. Na época eu era adolescente e sinto não ter dado todo o apoio que minha mãe necessitou. Lembro que minha mãe passou anos até conseguir sorrir novamente.

Hoje, dói-me ver um pai ou uma mãe enterrando um filho. Não deve haver nada pior nessa vida. Penso o quanto não é justo. Mas quem sou eu para achar alguma coisa. Deus lá sabe as suas razões… E o que acho mais incrível é como um filho nunca é esquecido, passe o tempo que passar. Já vi uma senhora que perdeu 2 filhos, há mais de vinte anos, ainda hoje se emocionar e chorar ao falar deles. Quando leio blogs de mulheres que passaram por essa mesma dor também vejo o quanto um filho “é para sempre”, por menor que tenha sido a convivência com ele.

Se existe conforto para minimizar a perda de um filho que o mesmo seja levado a quem precisa. Deixo aqui a minha solidariedade e um grande abraço a essas mulheres que são de uma fortaleza incrível ! Fica aqui a minha homenagem e a certeza de que são abençoadas por anjos !

***
Um ótimo final de semana a todos !!!

5 comentários:

Aretusa disse...

Perder um filho deve ser a pior coisa do mundo, horrível, me deixa triste só de pensar. Mas eu lembrei também da Cissa Guimarães falando sobre a morte do filho, mais ou menos assim: que ela pôde estar com ele o tempo dele aqui e que eles curtiram muito, foi muito bom... Eu fiquei me perguntando se eu reagiria como ela, se eu teria essa compreensão... Mas também fiquei pensando que vida e morte caminham juntos, não podemos evitar a morte, mas podemos fazer nossas vidas serem as mais bonitas e melhores possíveis!
Bjs,
Aretusa

Simone Scharamm disse...

Oi, Débora,
É verdade, a sensação de perda quando fazemos um exame de sangue e dá negativo é grande! Antes de engravidar da Luísa, tive um aborto espontâneo, estava com 1 mês e meio de gravidez...eu pensei que fosse morrer! Era uma tristeza tão grande! Mas 3 meses depois, estava grávida novamente e feliz!
Não consigo imaginar a dor de uma mãe que perde seu filho! Sofro demais com as notícias da Tv e dos jornais, abraço minhas filhas e quero estar com elas o máximo que eu puder.
Beijos! Seu texto está lindo! Parabéns!
Ótimo final de semana pra você!

Sandra disse...

Revejo-me em algumas situações e palavras do teu texto, nunca perdi um filho que tivesse nascido, mas já tive alguns positivos e depois uns grandes desgostos.
Bjs.

Cida Kuntze disse...

Oi Débby!

É verdade, perder um filho deve ser a dor mais intensa que alguém pode sentir. Lembro da minha avó falar isso quando um dos meus tios morreu. Ela dizia: "Filho não pode ir antes dos pais, isso é muito triste."

Gostei muito do jeito que você abordou esse assunto, a forma como escreveu.
Eu também concordo, quando eu sabia de alguma tragédia com crianças ficava triste, mas depois que tive a minha filha, fico bem mais triste com essas notícias, pois imagino como a mãe deve estar se sentindo.

Só Deus mesmo pra dar forças pra essas mães.

Um beijo querida e um abençoado final de semana!

Lu do Deninho disse...

Que lindo texto.....eu perdi 2 bebês antes da Julia, e a dor realmente é indescritivel, mas agora graças a Deus esta tudo tranquilo, tudo indo bem.....
São as obras do Senhor em minha vida !